As formigas se orientam por cheiros e exercem uma forte pressão seletiva em insetos herbívoros, embora algumas lagartas possam viver em simbiose com elas usando estratégias químicas defensivas. No artigo ‘Chemical convergence between a guild of facultative myrmecophilous caterpillars and host plants’, cientistas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) estudaram lagartas de seis espécies de licenídeos (Allosmaitia strophius, Chalybs hassan, Michaelus thordesa, Parrhasius polibetes, Rekoa marius e R. stagira) que usaram essas estratégias químicas para lidarem com as formigas que interagem (Camponotus blandus e C. crassus) (foto) em Campinas e Mogi Guaçu, São Paulo, Brasil.
Os autores mostraram que algumas lagartas se camuflam quimicamente (ficam com o mesmo cheiro das plantas que se alimentam) enquanto outras ficam com um cheiro aparente para indicarem que são parceiras das formigas (uma nova estratégia química chamada de conspicuidade química) e assim podem evitar ataques das formigas.
Essa camuflagem química de lagartas pode ter surgido como uma estratégia defensiva permitindo a coexistência com formigas em plantas, enquanto a conspicuidade química pode ter evoluído no contexto de sinais honestos entre parceiros mutualistas.
Os autores sugerem a existência de mimetismo químico entre espécies que possuem interação com formigas, especialmente as lagartas mutualistas. Misturas químicas cuticulares podem desempenhar um papel adaptativo chave em diminuir ataques de formigas e aumentar a sobrevivência de lagartas em sistemas sensoriais multimodais.
No link abaixo há um vídeo com a explicação do estudo com uma linguagem acessível, assim como link para o estudo publicado:
Sobre o Autor:
|Luan Dias Lima
Luan Dias Lima é atualmente Professor colaborador e Pós-doutorando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Doutor em Biologia Animal pela mesma universidade (2020), Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS (2016) e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS (2013). Tem experiência em comportamento animal e pistas químicas em campo e laboratório utilizando insetos como modelos.