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As interações mediadas por tecnologias digitais em tempos de coronavírus

O cenário social instaurado frente ao novo coronavírus trouxe a necessidade de mudanças comportamentais profundas devido o inevitável distanciamento social e suas adaptações. Se pensarmos sobre os reflexos do cenário pandêmico vivenciado atualmente frente a educação, alguns exemplos de mudanças profundas nos sujeitos que perpassam por esse segmento podem ser percebidos naturalmente, tais como a suspensão provisória das aulas presencias e seus desdobramentos para a continuação do ano letivo que exigiu de todos(as), o uso de dispositivos tecnológicos para nos mantermos conectados.

A popularização do ensino remoto, no qual exige professores ministrando o conteúdo a distância, na verdade não é recente. Boto (2020) salienta que o ensino simultâneo para estudantes em diferentes localizações geográficas ministrados pelo mesmo professor vem acontecendo desde a popularização do computador.  Essa mudança comportamental frente ao uso de dispositivos tecnológicos vai ao encontro do discurso Carvalho (2020) que diz “tudo que puder ser deslugarizado, será” incutindo a ideia de que as redes digitais superarão as paredes e os demarcadores fronteiriços (SIBILIA, 2012). Entretanto, isso nos traz uma grande provocação: Será que os profissionais da educação estão alfabetizamos tecnologicamente para lidar com as situações-problemas decorrentes do mundo informatizado? E como fica a profissionalização docente mediante tamanhas mudanças?

Com a consolidação das rotinas das aulas remotas, já é possível perceber casos exitosos resultantes da mudança comportamental como referido anteriormente, onde os professores tiveram que se (re)adaptar e entender mais deste mundo tecnológico, e com isso, ampliar e melhorar a comunicação para se aproximar mais ainda dos estudantes, compreendendo melhor os nuances que cada geração impõe com vistas à oportunizar uma conexão significativa entre professor e estudantes, identificando as diferentes demandas de cada discente, agora mediadas por redes virtuais.

Os professores precisavam sem dúvidas se ressignificar para que as interações continuassem e a educação não parasse neste período de aulas remotas. E agora, os profissionais de educação estão na fase de ouro profissional, pois é real e latente a oportunidade para se consolidar em um agente de transformação social na criação de cidadãos críticos e esperançar os estudantes a não desistirem de seus propósitos. Não podemos, contudo, nos esquecer dos ônus da pandemia à educação e ao trabalho docente que precisam ser discutidos frequentemente em busca de políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento profissional da docência. 

O futuro da educação já começou ontem, sendo assim te pergunto, onde você -professor – estará amanhã? Termino esta discussão citando Freire: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”. 

 

 

 

Fontes Consultadas:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Editora Paz e Terra, 2014.

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

 

 

 

Sobre o Autor:

|Sidney P. Martins 

Sidney Pires Martins é Professor Universitário, Publicitário, Mestre em Administração, Especialista em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário Izabela Hendrix e, atualmente, integra o GEPPFOR – Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Formação de Profissionais da Educação vinculado ao Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa. Suas áreas de interesse são Metodologias de Ensino Ativas, Ensino Híbrido, Formação Inicial e Continuada de professores, Alfabetização Tecnológica e Ferramentas Digitais. Busca desenvolver práticas de ensino ativas que promovam uma aprendizagem baseada em uma formação crítica e reflexiva e que estimule o protagonismo discente nos mais diferentes segmentos de ensino.