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Ciência na poesia, e poesia na Ciência.

O ponto de partida desta resenha é o laureado ao Prêmio Nobel de 1981, o Químico – Roald Hoffmann (Nobel Prize, 2019). O cientista foi ímpar ao trazer a discussão dentro do meio cientifico sobre a linguagem utilizada hoje para descrever os experimentos empíricos na ciência, e através do seu ensaio intitulado ‘sobre poesia & a linguagem da ciência, Hoffmann descreve que antes a escrita cientifica era mais requintada, e mais poética, para descrever os fenômenos da natureza, e que acabou perdendo espaço para uma linguagem sob pressão. Notadamente, ele menciona que palavras são feitas para descrever coisas indescritíveis – equações, estruturas químicas e indo mais adiante, descreve que as palavras é a maneira que temos para descrever uma experiência, uma observação, diante deste fato as emoções surgem em forma de estados de matéria e, o que torna a linguagem cientifica poética, pois a matéria atua sobre que se passa na alma do cientista. Ele continua o seu relato afirmando que a poesia e a ciência não são a mesma atividade no tempo-espaço, mas ambas são tentativas de entender o universo a nossa volta, e surge então, o desejo de compartilhar com os outros as descobertas de maneira que a poesia é um excelente canal para pulverizar informações para um público mais geral, popularizando assim a divulgação da ciência (Hoffmann, R., 2002).

Percebemos o quanto a perspectiva pedagógica de Hoffmann é mais aguçada e diferente frente à perspectiva de outros cientistas, podemos constatar isto com seu artigo Science to a samba beat ‘, publicado pela Nature. Neste artigo ele consegue construir a ponte entre o carnaval e a química.  A Escola de Samba do Rio de Janeiro, a Unidos da Tijuca, no carnaval de 2004, apresentou o tema de enredo “O sonho da criação e a criação do sonho: A arte da ciência no tempo do impossível”  em um carro alegórico todo cheio de características alquímicas, e que aos olhos do Químico Roald Hoffmann aquelas fantasias pareciam  orbitais moleculares (Hoffmann, 2004).

Outra observação interessantíssima do cientista é feita em ‘The Language of Science, the Language of Poetry’ ao comparar os templos gregos as moléculas de dodecaedro, cuja fórmula química é C20H20 (Hoffmann, 2000). Esta articulação que Hoffmann provoca é extremamente necessária para avançarmos as fronteiras do conhecimento, e aplicar a química e, a ciência, de modo geral na arte (música, poesia, pintura, arquitetura, etc), de modo que toda sociedade possa participar com mais assiduidade do desenvolvimento cientifico e tecnológico numa linguagem que seja compreensível a todos. Roald Hoffmann conseguiu através da sua observação transformar a Química em poesia, e ele é a prova viva que o cientista pode ser poeta, filósofo, escritor, e também dramaturgo.

Sobre a Autora:

| Flávia Clemente

Meu nome é Flávia Clemente. Eu sou técnica em Química pelo Instituto Federal, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), e em 2009, ganhei o prêmio técnico-cientifico no Instituto Federal com o tema “Biossorção de cromo nas cascas de banana”, que foi entregue pelo ex-ministro da cultura, Fernando Haddad. Essa premiação pelo IF foi um marco para mim seguir com os sonhos de ser cientista, pois fazer ciência também é se preocupar com a preservação do meio ambiente, dar utilidade para algo que é descartado (Cascas de banana) todos dias no lixo domésticos foi uma satisfação enorme. Tornei-me bacharela em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2017.  Atualmente, sou mestranda em Química na área de Produtos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e é extremamente satisfatório ter a oportunidade de estudar como que a natureza se organiza para produzir moléculas com uma infinidade de benefícios para saúde humana. Preocupada com a Educação Química, e com o desejo de quebrar as barreiras que engessam os estudantes a pensarem por uma única vertente criei o livro de poesias de Química, chamado Poequímica, que foi lançado pela editora Autografia-RJ. No final de 2018, eu e mais dois amigos da Química fundamos o MAFRA, que é o grupo independente cientifico gamificado, o intuito é promover ciência de forma mais versátil entre sociedade-universidade-empresa. Quem tiver interesse, pode acompanhar a nossa agenda em eventos científicos através dos canais de comunicação: Instagram (@mafra) e Facebook . Nos tempos livres: Eu adoro viajar, ler um livro, ir ao cinema, e ouvir música. Meus escritores favoritos são Luís Fernando Verissimo e Stephen King. Minha cantora predileta é Joss Stone. E meu diretor de cinema favorito é Quentin Tarantino.