TESTE MENU
TESTE MENU

Ensino Remoto de alunos com deficiência durante a pandemia: cenário que ampliou as desigualdades sociais

Desde o início da pandemia devido ao Covid-19 em março de 2020, o cenário educacional brasileiro sofreu mudanças bruscas, onde impulsionou professores e alunos a vivenciarem uma nova organização de ensino e aprendizagem, por meio da emergência de aulas remotas na Educação Básica e no Ensino Superior. Consequentemente, essas mudanças acentuaram problemáticas da educação e da sociedade brasileira, como a desigualdade social decorrente da expansão das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) e a exclusão de alunos com deficiência no contexto educacional.

A primeira problemática levantada se dá principalmente porque, para o Ensino Remoto, os alunos deveriam dispor de algum equipamento tecnológico com acesso à internet (computador, celular, notebook ou tablet), entretanto, vale indagar neste momento: são todos os estudantes brasileiros que dispõe dessas tecnologias em casa?

Desse modo, a desigualdade social acentuada pelas TDIC durante a pandemia do Covid-19 se dá também porque as mesmas promovem o que chamamos de “realidade instantânea”, pois facilitam os meios de comunicação e informação em uma velocidade extra rápida, onde as pessoas acostumaram-se a viver em uma cultura digital num presente fácil, rápido e pronto.

Esse “presentismo” é um recurso manipulador dos donos do capital para otimizar seus lucros, e quem não tem condições econômicas para acompanhar essa “era”, estará excluído. Desta forma, o uso ampliado das TDIC no Ensino Remoto torna mais visível essas desigualdades sociais. A segunda problemática que diz respeito sobre aqueles que são público-alvo da Educação Especial, os alunos com deficiência, se dá para além do acesso aos equipamentos e recursos tecnológicos discutido na primeira problemática, mas também porque os mesmos não são adequados para atender as demandas das diversas deficiências existentes, ou seja, a exclusão social é reforçada no Ensino Remoto quando não são todos os espaços digitais e equipamentos tecnológicos que se modificam para atender a todos, como por exemplo: uso de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em sites, softwares, para o caso de alunos surdos, ou uso de áudio de leitura para o caso de alunos cegos.

Todas essas modificações são responsabilidades não só do professor, mas também da escola, do município, dos pais, dos alunos e da comunidade.  São poucos os estudos publicados que discutem sobre o Ensino Remoto para os alunos com deficiência, por isso a importância de pensarmos na invisibilidade desses sujeitos, visto que as problemáticas vivenciadas na inclusão de estudantes com deficiência na educação permaneceram e ampliaram-se durante o ensino remoto ofertado no período de pandemia de Covid-19.

Sobre a autora:

|Marcela Openheimer é Graduada em Licenciatura em Química (2020) e Mestranda em Educação em Ciências (2021) com bolsa CAPES, ambas pela UNIFEI. Integrante dos grupos: NEFTI (2018), GEIFOP (2020) e Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Tecnologia, Educação em Ciências e Inclusão (2021). Pesquisadora na área de ensino de ciências, inclusão e formação docente