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Estudo sobre o perfil sociocultural das mulheres atuantes de uma instituição da área nuclear brasileira

A discussão sobre relações de gênero e educação mostra ser fundamental para a descrição das sociedades contemporâneas, assim como para a discussão de estratégias no campo educacional. Mundialmente, as desigualdades de gênero estão presentes na história, em que as mulheres são excluídas ou têm sua participação pouco valorizada (Barreto, 2014). Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, as mulheres representam menos de um quarto da força de trabalho no setor nuclear em todo o mundo (Gaspar; Dubertrand, 2018).

Visto as dificuldades que mulheres passam para atuar nesta área, uma pesquisa com colaboração da Women in Nuclear Brasil (WiN), através de formulário foi realizada com o objetivo de identificar o perfil sociocultural das mulheres atuantes no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), autarquia vinculada ao Governo do Estado de São Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Governo Federal.

A partir desta pesquisa, foi possível concluir que mais de 80% das mulheres se declararam brancas, 61% têm entre 18 e 45 anos de idade, a naturalidade dessas mulheres são em maioria do sudeste do Brasil, local onde é situado o IPEN. Aproximadamente 60% das mulheres que responderam ao questionário são estudantes de pós-graduação e 54,7% são orientadas por homens. Já para as mulheres que estão vinculadas somente ao instituto como pesquisadoras/cientistas, 57,1% responderam que foram orientadas por homens durante a sua trajetória acadêmica. Sobre gestão e chefes de setores corresponde a apenas 7,6% das respondentes e são mulheres acima de 31 anos, mostrando que o setor nuclear ainda possui poucas mulheres atuantes.

Quando foi perguntado sobre a linha de pesquisa ou atribuição, maioria atua na área da saúde ou em biotecnologia que equivale a 15,2%, porém pode-se considerar que algumas pesquisas como nas áreas de radiofarmácia, radioproteção ou, física médica também estão relacionadas com a biotecnologia, já que são campos aplicáveis em ciências da saúde, considerando essas áreas, a quantidade torna-se maior, equivalente a 40%. Em relação ao pioneirismo na área nuclear no IPEN ou no Brasil, a maioria delas conhece mulheres protagonistas na história nuclear brasileira, e citaram como pesquisadoras: Linda Caldas, Constância Pagano, Mitiko Saiki são os nomes mais citados pelas mulheres. 

Na área nuclear no Brasil a construção para um setor igualitário em termos de representação feminina ainda tem muito a ser desenvolvido, inclusive em relação a mulheres das regiões norte/nordeste e de mulheres negras; pesquisas como estas, políticas públicas e divulgação de eventos sobre mulheres é algo que precisa ser realizado com mais frequência e implementado nos institutos de pesquisas da área nuclear.

 

Sobre as autoras:

|Gabryele Moreira:

Física médica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), mestranda em Tecnologia Nuclear  no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN,
e atualmente bolsista do Programa Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
|Priscila Rodrigues:
Física médica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), mestranda em Tecnologia Nuclear  no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN.
|Karoline Suzart:
Física médica pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), mestranda em Tecnologia Nuclear  no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN.