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Existe sorte na pesquisa científica?

Por vezes tentamos medir o sucesso falando que alguém teve sorte ou não, mas a sorte vem àqueles que estão preparados e dispostos a trabalhar duro. Como assim?

Robert Wilson e Arno Penzias estavam usando uma antena de rádio no estudo da radiação emitida pelos restos de uma supernova.

Eles detectaram (por sorte) uma espécie de chiado que insistia em contornar todos seus esforços para “purificar” o sinal recebido pela antena. Além de muito persistente o ruído era independente da direção em que a antena era apontada: ou seja, vinha de todas as direções do céu!

Ao pesquisar mais a fundo descobriram que eles eram os “raios fósseis” que se originaram no início do Universo, a Radiação Cósmica de Fundo em Microondas.

Eles poderiam não ter percebido já que o sinal era bem fraco ou não dado importância. Ou também desistido do experimento alegando problemas no equipamento. Mas, por sorte, perceberam, estudaram, pesquisaram e ganharam o prêmio Nobel de 1979 pela descoberta.

Outro famoso caso aconteceu com Hans Christian Oersted. Um dia ele estava dando uma aula sobre eletricidade e magnetismo (até então entendidas como coisas independentes). Durante uma demonstração de como uma célula voltaica podia ser usada para gerar uma corrente elétrica, notou (por sorte) que cada vez que a corrente fluía através de um fio, a agulha de uma bússola (que estava na mesa por sorte) posicionada a alguns centímetros do fio movia-se espontaneamente!

Será que esse fenômeno se apresentou para alguém antes dele? Provavelmente sim. E porque não foi descoberto antes? Bem…

O que você faria se tivesse tido essa sorte? Vejamos. Se você não entendesse o suficiente de física com certeza nem teria notado que teve tal sorte ou se entendesse, mas não tivesse a disposição de estudar e pesquisar o motivo, a sorte seria debalde, e não teria descoberto que correntes elétricas geram forças magnéticas.

Então, o que muitas vezes chamamos de sorte é na verdade uma oportunidade. E quantas deixamos passar pela falta de preparo que deturpa nossa percepção e/ou falta de coragem e empenho.

Como disse James Watson ao receber o Nobel pela descoberta da estrutura do DNA:

“Nós descobrimos ouro tateando, mas era ouro o que estávamos procurando”.

Sobre o Autor:

|João Ider

Graduado em Física Bacharelado pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), mestre em Física na área de Teoria de Campos, Gravitação e Cosmologia pela UNIFEI e Doutorando do Programa de Materiais para Engenharia na área de Física de Semicondutores (UNIFEI).

|Referências:

GLEISER, M. A dança do universo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

PIVETTA, M. Ruído Misterioso no Cosmos, Revista Pesquisa Fapesp, Astrofísica, Edição 156, Fevereiro 2009. Disponível em:http://revistapesquisa.fapesp.br/2009/02/01/ruido-misterioso-no-cosmos/

J.P.M.C.CHAIB; A.K.T. ASSIS, Experiência de Oersted em sala de aula, Rev. Bras. Ensino Fís. vol.29 no.1 São Paulo 2007. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172007000100009