FAZER DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA TAMBÉM É FAZER CIÊNCIA

Em setembro de 2015 vi a divulgação de um evento de divulgação científica que aconteceria na Semana Nacional de Ciência & Tecnologia, na Casa da Ciência da UFRJ. Neste evento, promovido pelo EURAXESS Brasil, 5 pesquisadores selecionados apresentariam suas pesquisas de maneira criativa, numa noite animada e com a presença de vários cientistas conhecidos. Resolvi inscrever a mim e ao meu marido, para termos um momento de lazer e descontração bem nerd ! Fiquei encantada com o que assisti naquela noite e saí de lá com a certeza de que me inscreveria para participar no próximo ano. Mas em 2016 eu estava às voltas com o Doutorado e estava trabalhando como Professora Substituta na UFRJ e não tive como me dedicar a mandar uma candidatura ao Science Slam, mas novamente fui assistir a uma das grandes festas da Ciência brasileira, desta vez num bar na Lapa – RJ. Novamente saí com a certeza de me inscrever para a próxima edição e assim foi feito: enviei meu vídeo para participar da final em 2017, mas não fui selecionada. Fiquei altamente frustrada, mas pedi um feedback à equipe do EURAXESS Brasil de como melhorar a minha comunicação, além de ter participado de um workshop com este tema, oferecido pela mesma instituição. Eis que em 2018 eu enviei o meu vídeo de candidatura e fui selecionada com uma das finalistas! Naquele exato momento eu já estava enormemente feliz!!! No dia da final, eu sentia que realmente estava sendo colaboradora ativa de uma confraternização dos cientistas brasileiros e eu fui a grande vencedora da noite! Mal acreditei que um sonho acalentado durante 3 anos estava virando realidade após uma apresentação ao vivo de 6 minutos, onde eu falei sobre o tema da minha pesquisa, que é o estudo de pré-misturas para bolo à base de sorgo e bagaço de laranja, utilizando recursos audiovisuais e 3 paródias de minha autoria. A partir do momento em que eu me vi incumbida de divulgar a minha pesquisa para leigos, houve uma mudança enorme da minha visão sobre a minha pesquisa, pois anteriormente eu achava que fazer divulgação científica era perder o tempo que eu poderia estar pesquisando e trabalhando no meu tema, quando na realidade esse processo me proporcionou refletir mais (e melhor!) sobre os meus objetivos e sobre os rumos relacionados diretamente à minha pesquisa! E daí eu me dei conta que fazer divulgação científica também é fazer Ciência e que isso também deveria entrar na rotina de trabalho do pesquisador, tanto quanto ir para o laboratório e escrever artigos! A divulgação científica pode alavancar bastante a carreira do pesquisador, porque proporciona o contato com pesquisadores de áreas distintas e assim, amplia a visão multidisciplinar deste profissional, além de sempre trazer uma nova motivação ao cotidiano da pesquisa. Bom, o prêmio que eu ganhei foi uma visita a qualquer centro de pesquisa ou universidade na Europa, à minha escolha, ao qual eu pretendo desfrutar tão logo eu defenda a minha Tese, ainda em 2019. E agora o meu próximo desafio é internacionalizar a minha pesquisa!

Sobre a Autora:

| Caroline Alves Cayres

A Carol desde criança ama culinária, mas o seu sonho de verdade sempre foi construir novos alimentos. Então, um dia ela descobriu que existia um curso que unia a Ciência, a Tecnologia e uma pitada de criatividade para fazer a mágica da alimentação acontecer. Hoje ela é Engenheira  de Alimentos e Doutoranda em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos na UFRJ, em parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos.

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