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Mosquito brilha? Sim! E brilha azul!

Recentemente, os biólogos do Instituto de Pesquisas de Biodiversidade-PBio, observando os cogumelos bioluminescentes à noite, fizeram mais uma importante descoberta inédita para a ciência. Encontraram larvas de uma espécie de mosquito que emitem luz azul. Trata-se do primeiro organismo terrestre com bioluminescência azul encontrado em toda América Latina, um díptero (mosquito), que emite luz azul na fase larval, nomeado Neoceroplatus betaryiensis.

Esses organismos brilhantes já eram conhecidos na Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos, chamados de “glow-worms”, em tradução livre, “larvas brilhantes”. No entanto, não havia até então conhecimento de espécies bioluminescentes desses mosquitos para a região de maior diversidade do mundo, chamada de Neotropical, que compreende a América do Sul. Eles vivem associados à fungos e troncos caídos, em matas úmidas e algumas espécies se alimentam dos próprios fungos e outras de pequenos insetos que ficam presos numa teia ácida que eles constroem por todo o fungo ou tronco.

Essas pequenas larvas, com menos de 2 cm de comprimento, possuem 3 órgãos que emitem luz, dois na cabeça e um na extremidade final do corpo. Essa descoberta despertou um grande interesse nos especialistas em bioluminescência. Todo esse trabalho é realizado na Reserva Betary, em Iporanga, onde um grupo de pesquisadores e voluntários se dedica ao estudo da biodiversidade de Diptera da América do Sul e da bioluminescência em organismos da Mata Atlântica. Além de ser uma descoberta incrível para a Biodiversidade brasileira, as substâncias presentes nessas espécies bioluminescentes como a luciferina, têm potencial de aplicação nas áreas de pesquisa médica, biotecnológica, industrial e farmacêutica. Por exemplo, algumas células específicas podem ser marcadas por meio de manipulação genética, com substâncias bioluminescentes e serem facilmente visualizadas no microscópio. Essas substâncias já são usadas para marcar células de câncer, testar a viabilidade de espermatozoides, detectar patógenos e metais pesados em amostras de água.

| Assista ao minidocumentário sobre as espécies bioluminescentes encontradas na Reserva Betary, em Iporanga – SP.

 

Sobre a Autora:

| Rafaela Lopes Falaschi

Doutora em Entomologia (USP), especialista em mosquitos e sistemática filogenética, pós-doutoranda na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Paraná, Brasil. Também é divulgadora científica, sendo uma das idealizadoras e editoras do Mulheres na Ciência BR , membra do 500 Mulheres Cientistas – Brasil, núcleo Ponta Grossa e da RedeComCiência, onde faz parte do Grupo de Trabalho de Integração Nacional.