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Mulheres, igualdade de gênero, educação e ciências: uma reflexão necessária em tempos de pandemia.

 

Este período de isolamento físico, causado pela pandemia do novo coronavírus, possui efeitos diferentes para as pessoas, dependendo de alguns fatores como gênero, classe e raça-etnia  [1] . Para as meninas e mulheres, o acompanhamento da educação remota e a produção científica tornam-se ainda mais desafiadores quando agregam-se fatores como trabalho com cuidados de casa, cuidados com familiares, preparo da alimentação de toda a família, dificuldades financeiras, desemprego, atenção à aprendizagem dos filhos em idade escolar e gravidez na adolescência, por exemplo. No caso das alunas, muitas dependem da escola para alimentação e necessitam de suporte dos pais, majoritariamente despreparados, para auxiliar na educação à distância em casa [2].

 

As mulheres, em todas as fases da vida, são sobrecarregadas com a quantidade de trabalho quando o assunto é cuidar da casa, dos filhos e familiares. Essa é uma realidade já conhecida em nossa sociedade, onde as mulheres acabam atuando em dupla jornada colocando em último plano suas necessidades pessoais [3] . A atribuição de todas essas tarefas requer uma organização para a sua realização envolvendo o uso dos espaços e tempos dentro de casa. Isso é essencial para uma quarentena bem sucedida. Nem sempre essa distribuição de afazeres entre horários e espaço físico é próspera, pois depende da participação e contribuição dos outros membros da família, trazendo exaustão às mulheres quando elas tentam agenciar as regras do espaço doméstico.

 

Relato de uma aluna do ensino médio da Escola Estadual Prof. José Juliano Neto, localizada na cidade de São Carlos – SP:

 

“Neste período estou tendo muitas dificuldades, pois tudo está digitalizado. Está sendo difícil organizar uma rotina, não consigo administrar as atividades on-line. Mas aos poucos vamos nos acostumando com o novo normal!”

 

Relato de uma aluna do ensino médio da Escola Estadual Dr. Álvaro Guião, localizada na cidade de São Carlos – SP:

 

“Ah professora, tá todo mundo doente em casa. Tenho que fazer tudo sozinha, arrumar a casa, comida, sou tudo eu. Estou tentando acompanhar as aulas, mas tem dias que fico muito cansada.”

 

Relato de uma aluna do curso Técnico em Química do Instituto Federal do Ceará – Campus Caucaia – CE:

 

“Professora eu não estou conseguindo estudar muito bem. Meus pais me sobrecarregam com atividades de casa. Meu irmão não faz tantas coisas em casa como eu. Minha família tem o pensamento atrasado quanto a isso. Eles ainda me sobrecarregam com as coisas de casa.”

 

Nesse contexto, o ambiente familiar onde a criança está crescendo e se tornando cidadã é super importante no momento de construção e descoberta do conhecimento científico. O apoio da família é importante para que essas meninas se sintam seguras para seguir com seus estudos, estimuladas para seguirem a carreira que elas quiserem e para que possam contribuir para o avanço da ciência. É extremamente necessário que as mulheres se vejam em altos cargos e exercendo importantes papéis para que isso sirva de estímulo para que elas sigam seus sonhos. Ver outra mulher em qualquer carreira abre as portas para novas possibilidades, talvez para seguir uma carreira que elas não pensariam antes, como as STEM –Science, Technology, Engineering and Mathematics (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), por exemplo [4].

 

Sobre a Autora:

|Raquel Peres de Morais Urano

Raquel é Doutora em Ciências pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP). Atualmente é professora da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo e pesquisadora de Pós-Doutorado no Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP). É membra colaboradora do canal de divulgação científica “Ciência Brasileira é de Qualidade” (@ciencia.brasileira). É idealizadora e uma das coordenadoras do projeto de extensão “Elas na Engenharia” (@elasnaengenharia_eesc) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), cujo objetivo é incentivar alunas do ensino médio a seguirem carreira nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).

 

 

Conheça mais sobre os trabalhos de Raquel nas redes sociais: Facebook e Instagram: @raquelurano @elasnaengenharia_eesc @ciencia.brasileira