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Novo coronavírus, novos paradigmas

Nessa coluna, Adeylson conta sobre suas perspectivas e visões sobre a pandemia do novo coronavírus, os impactos para os setores da sociedade e destaca um aprendizado: a solidariedade.

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A teoria de que o novo coronavírus (COVID-19), que surgiu na cidade chinesa de Wuhan, teria sido criado em laboratório foi descartada em uma publicação da Revista Nature Medicine, onde pesquisadores encontraram evidências de que as características do seu genoma, provavelmente, sejam resultado de seleção natural. O vírus tem uma estrutura capaz de conectar e infectar as células humanas de maneira muito eficaz, o que fez com que se espalhasse rapidamente por diferentes continentes. Dos 193 países internacionalmente reconhecidos, 173 já apresentaram casos confirmados da COVID-19, segundo atualização do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) em 01 de abril de 2020, o que representa um percentual de 90 % de disseminação mundial.

Os principais aspectos sanitários para controle da pandemia envolvem o isolamento social e a desinfecção de mãos e superfícies, dado que uma única tosse de uma pessoa infectada pode produzir até 3 mil gotículas contendo o vírus. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o vírus não é transportado pelo ar, se depositando em superfícies no entorno de 1 metro após sua liberação, o que torna seguro o distanciamento exigido de 2 metros de uma pessoa para outra. Segundo informações do Ministério da Saúde uma pessoa doente em isolamento pode contaminar em torno de duas pessoas, e fora do isolamento pode infectar seis ou mais. Tais características de infectividade tornou o isolamento domiciliar a medida prioritária e de maior eficácia adotada pelos países para reduzir o rápido crescimento exponencial dos casos e evitar o colapso do sistema de saúde.

Porém, este isolamento social traz uma grande preocupação econômica em todo o mundo, dado que, uma vez estabelecido, somente atividades essenciais podem continuar em funcionamento. Empresas dos mais diversos setores alarmam um risco de demissão, caso a situação se estenda por semanas, mas são os profissionais autônomos que sofrem um impacto maior desta paralisação. O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom convocou os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da COVID-19, mas sempre enfatizando que a proteção à vida é prioritária em relação à economia.

Dentre os aspectos sociais desta pandemia podemos mencionar uma nova forma urgente de reorganização da sociedade, dado que escolas e empresas tiveram que adotar de forma rápida o uso de tecnologias virtuais para continuar funcionando, e modalidades como o home office e ensino a distância (EAD), antes realizadas de forma mais restrita, foram adotadas em caráter emergencial por um grande percentual da população. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) revelaram que a COVID-19 deixou mais de 776,7 milhões de crianças e jovens fora da escola em todo o mundo. Se por um lado o isolamento domiciliar aproxima as pessoas que estão em casa, pois passam a compartilhar um grande período de tempo juntas, por outro ele deixa a sociedade carente de sorrisos, de beijos, de abraços e de apertos de mão. O fim da pandemia, que segue sem data prevista, provavelmente nos trará um mundo novo, diferente do que já conhecíamos, um mundo que poderá ser norteado por uma ação existente, mas até então muito pouco praticada, a solidariedade.

 

Sobre o Autor:

|Adeylson Ribeiro

Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Atualmente é pesquisador de Pós-Doutorado na Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor), onde trabalha como Epidemiologista, com foco na análise espacial de dados epidemiológicos relacionados à incidência de câncer.