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Os Meandros da Vida de Pesquisadores Num País Repleto de Crises

A carreira de pesquisador/cientistas no Brasil requer um “corre” que muita gente desconhece e muitos julgam como “mamateiros”, “maconheiros” e tantos outros nomes. Mas vamos tentar entender tudo isso? Bolsista é um sinônimo de cientista em começo de carreira (às vezes nem tão no começo assim como é o caso dos pós docs que já são pesquisadores). A tal bolsa, apesar do nome, é o salário deste cientista. E os valores variam: R$1500 para mestrado R$ 2200 para doutorado R$ 4100 para pós doc; Não tem férias, não tem 13°, não pode contar o período da pós graduação no momento de se aposentar (a não ser que pague por fora) e muitos quase não dormem! No ano de 2000, as agências de fomento liberaram para ter uma fonte de renda paralela. Mas os critérios são muito específicos: o emprego tem que ser na área da pesquisa, o salário não pode ser maior que alto que o valor da bolsa e o/a orientador(a) precisa autorizar. No caso do pós doc essa regra não é válida. Então, como é que se faz? Não se faz….

Ser cientista num país onde a ciência é vista como gasto, a formação “encaixotada”, as poucas indústrias/empresas que se aproximam da Universidade só absorvem profissionais que margeiam as Engenharias, Bio/Tecnológicas e Administração. Isso pode nos levar a refletir sobre o modus operandi de uma educação “monoculturada”, pouco diversa e que te impossibilita muitas vezes de cruzar fronteiras depois de longo período de formação. E quando ousamos cruzar, não somos bem vistos na área da nossa formação, ingênuos para a área circundante e outros julgam que não sabemos nada. Dessa maneira, em momentos de crise (volta e meia entramos e saímos), a academia não absorve tantos profissionais e o mercado rejeita porque tem currículo demais ou de menos.

Como re-orientar a bússola? Essa talvez seja a pergunta que muitos colegas fazem neste exato momento de diversos cortes (CAPES/CNPq/FNDCT), incertezas e muitos boletos a serem pagos. E convido a todos/todas/todes fazer uma leitura de um estudo recente “O que os jovens brasileiros pensam da Ciência e Tecnologia?”. Vemos lá que os jovens gostam da ciência, entretanto, a maioria não sabe citar uma instituição de pesquisa e um(a) pesquisador(a). A partir daí eu questiono: Como e para quem temos nos comunicado? A nossa validação institucional sempre é NASA, Harvard, MIT …etc… exaltamos/reverenciamos tudo de fora e menosprezamos o que é dentro/dendicasa! Quantos cientistas/instituições importantes temos e que fazem trabalhos imprescindíveis. Tantas descobertas/trabalhos desconhecidas (os)! Divulgar ciência conjuntamente com a sociedade (esta não é leiga!!) se FAZ URGENTE. Afinal, Ciência, Tecnologia, Sociedade é Política. Mas não essa “política” que vemos aí ser feita… nome disso é politicagem! Talvez só quando compreendermos essa unicidade conseguiremos navegar noutros mares sem ser uma nau sem rumo, sem ficarmos parados nas curvas do rio (desmonte! Das migalhas) … CIÊNCIA se faz na COLETIVIDADE, dentro e para além das instituições, não tem fronteiras, lutamos diariamente para que também não tenha GÊNERO e seja INVESTIMENTO. Podemos contar com vocês?

Sobre a autora:

Foto da pesquisadora Natália Amarinho. Natália é uma mulher parda de cabelos pretos curtos, de óculos e blusa preta. Seguida minibiografia que descreve: Licenciatura em Física (UNIVALE), Mestrado em Física e Matemática Aplicada - Astrofísica (UNIFEI) e Doutora em Ciências/Astronomia (UFRGS) e hoje pesquisadora bolsista no Laboratório Nacional de Astrofísica-LNA. Nem de terra, nem de mar, nem de cidade nem de floresta, nem só de exatas nem apenas de humanas. Acredito que, na ciência, na vida e na política, os segredos estão na transdisciplinaridade: tento estar em experiências diversas, nos interstícios e nas misturas entre corpos e ciências, artes e tecnologia. Especialista de nada, mas curiosa de coisas diferentes e inclusivas.

Referências: 

FNDCT:  FNDCT PRA QUÊ? VOCÊ NEM IMAGINA O QUÃO IMPORTANTE ELE É PRA VOCÊ! Página da Academia Brasileira de ciências

Abaixo assinado contra os vetos do FNDCT.

O que os jovens pensam sobre Ciência e Tecnologia? O e-book apresenta os resultados de pesquisa realizada pelo INCT Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia e dá sequência a um esforço de décadas para compreender comportamentos e representações da população brasileira sobre a ciência e a tecnologia.