Química na Prática: A pesquisa científica no chão da escola pública

Incentivar uma educação pautada na Ciência é primordial se buscamos ensinar com vistas à emancipação e à formação cidadã. Nos últimos anos, vimos uma série de notícias falsas sendo disseminadas e o alvorecer das pseudociências que tanto prejudicam a população e inibem a formação crítica e reflexiva. Nesse sentido, faz-se necessário lutar por uma educação que promova a alfabetização científica e tecnológica em uma perspectiva dialógica buscando estimular a investigação, sobretudo na Educação Básica, de modo que, os estudantes possam construir um pensamento científico crítico e associar as informações abordadas na escola com a sua vida cotidiana.

Partindo destes preceitos, a Escola Estadual João Paulo I, situada em uma região periférica de Belo Horizonte (MG) foi uma das contempladas pelo programa Química na Prática, uma parceria do Instituto sua Ciência com a BASF e a Oxiteno/Indorama, buscando a produção e a socialização de conhecimentos químicos na Educação Básica. Desse modo, a partir de Fevereiro-2022, três estudantes bolsistas do 2º Ano do Ensino Médio, o professor de Química da referida escola, uma bolsista de Iniciação à Docência e uma professora formadora, ambas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estruturaram o projeto de Iniciação Científica “Casos investigativos em aula de Química na Educação Básica: Como combater o negacionismo científico nas escolas?” A pesquisa tem como objetivo a desconstrução de fake news a partir de casos investigativos nas turmas de Ensino Médio da escola, além de promover eventos de Divulgação Científica que estreitam os laços entre a escola, a universidade e a comunidade.

O projeto ganhou notoriedade e vem repercutindo tanto na escola, na comunidade, quanto nos eventos científicos que congregam os educadores químicos. Além de participarem do Simpósio de Integração Acadêmica da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Encontros e Debates em Ensino de Química (EDEQ) organizado pela UFPel, as ações do projeto foram apresentadas no 34º Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química, sendo que um dos trabalhos recebeu menção honrosa como o melhor pôster.

As ações desenvolvidas pelo projeto demonstram a necessidade de investirmos na pesquisa científica desde a Educação Básica. Além disso, o projeto tem incentivado às alunas participantes a oportunidade de seguirem carreira científica em instituições públicas de qualidade no Estado, além de estimularem aos demais discentes da escola a importância de uma educação que busque um diálogo efetivo com a Ciência e que os ensine a questionar as informações que recebem, especialmente as falsas e tendenciosas que são amplamente pulverizadas por diferentes veículos de comunicação.

O referido projeto é ainda destaque na Superintendência Regional de Ensino – Metropolitana B, de Belo Horizonte, que apoia a escola nas ações de pesquisa desenvolvidas. As próximas atividades do projeto buscam sistematizar os dados coletados dos casos investigativos em publicá-los em periódicos da área de Educação Química, de modo que as estudantes possam desenvolver suas habilidades com a escrita científica. Ainda, uma das bolsistas teve sua bolsa renovada pelo CNPq, devido ao destaque do trabalho na UFMG Jovem de 2022.